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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Empresário morto por PMs tinha pressa para ver Corinthians, diz amigo

Familiares e amigos participam de enterro de empresário (Foto: Letícia Macedo/G1)
O amigo do empresário Ricardo Prudente de Aquino, Guilherme Brammer, a última pessoa a vê-lo vivo antes que ele fosse atingido por disparos de policiais, na noite de quarta-feira (18), na Zona Oeste de São Paulo, disse em entrevista ao Fantástico que o colega estava com pressa para chegar em casa porque queria ver o jogo do Corinthians.

Ele saiu da casa do amigo, em Santana de Parnaíba, pouco antes das 22h, na última quarta-feira, e estava indo direto para casa. Ricardo estava "louco para ver o jogo do Corinthians", já que "era corinthiano roxo", segundo o colega. Brammer classificou a atuação da Polícia Militar no caso de "um erro grotesco".


O veículo do empresário foi alvejado pelo menos sete vezes pelos policiais militares, dois soldados e um cabo, durante uma tentativa de abordagem. Ricardo teria tentado fugir dos PMs e, por isso, foi perseguido pelo bairro Alto de Pinheiros.


As imagens gravadas pelas câmeras de segurança de uma avenida na Zona Oeste mostram como ocorreu a perseguição. Os policiais suspeitaram da alta velocidade do automóvel de Ricardo, por volta das 22h15.


Primeiro, o empresário é seguido por um veículo da PM, depois por duas motos. Neste momento, a central da Polícia Militar já havia chamado outras equipes para reforçar a perseguição. Após alguns momentos, segundo as imagens, o publicitário para o veículo e é cercado.


Ricardo fica dentro de seu carro, pelas imagens, enquanto os policiais saem de dentro de um veículo. A luz forte do farol ofusca a gravação e não permite ver como ocorreram os tiros - o automóvel do publicitário recua, mas não se sabe se antes ou depois dos disparos.


Os policiais levaram o empresário ferido para o hospital dentro do porta-malas do carro da PM. Ao chegar para o atendimento, ele já estava morto.


Desculpas
Um tenente da PM, Gilberto Evangelista, procurou a família de Ricardo para prestar condolências, após a morte do empresário. A conversa foi gravada e divulgada pelos parentes. Durante conversa com os familiares, o oficial disse que a corporação “está interessada em mudar os seus caminhos”.

“Eu não estou aqui na minha função. Minha função não é essa. Eu que me dispus a vir aqui pessoalmente”, afirmou o tenente Evangelista. “Eu vim aqui porque eu acho que a pessoa merece essa demonstração de que a Polícia Militar está interessada em mudar os seus caminhos, que está interessada em fazer de um jeito melhor e que isso não aconteça mais.”


Alguns dos parentes aproveitaram para desabafar e criticar a ação dos PMs. "Era um casal jovem, planejando ter um filho. Uma vida inteira pela frente e vocês acabaram com isso", disse uma familiar.


O secretário da Segurança Pública de São Paulox, Antonio Ferreira Pinto, disse na sexta-feira (20) que considera errada a postura do policial militar que pediu desculpas à família de Ricardo.


"A questão de desculpa eu acho que ela chega até a ser ridícula, bisonha, né? A família fica até mais indignada, porque parece até uma certa insensibilidade, né? Isso foi um erro. Na minha avaliação foi um erro. Se eu fosse consultado, diria que a gente devia respeitar a dor e o silêncio da família", disse o secretário. Os parentes, porém, mostraram-se receptivos e gratos pela presença do policial.


Dois dias após o ex-publicitário ter sido morto, o local onde ocorreu o incidente foi marcado com uma frase na calçada, em protesto contra a atitude dos policiais. Faltavam apenas 900 metros para que Ricardo chegasse até sua casa, cerca de três quarteirões andando de carro.


Presos

O subcomandante geral da PM, coronel Hudson Camilli, disse nesta quinta-feira (19) que a ação dos policiais foi "tecnicamente correta", porém sem "justificativa legal". Dois soldados e um cabo foram presos por terem atirado contra o carro do empresário.

O coronel negou que a Polícia Militar tenha cometido erros sucessivos neste mês no estado de São Paulo ao ser questionado sobre casos recentes de mortes cometidas por PMs. Nesta madrugada, em Santos, no litoral paulista, um carro foi atingido com mais de 25 tiros e um jovem morreu. Quatro policiais que participaram da ação foram presos em flagrante.


De acordo com o coronel, neste mês 47 pessoas foram mortas por policiais. Ele afirma que isso significa que 36% das abordagens com situações de confronto terminaram em mortes no estado. Tanto os três policiais que atuaram na ocorrência em São Paulo quanto os quatro de Santos são novatos: estão há menos de cinco anos na corporação. Ele disse que caso o processo administrativo mostre que eles fizeram o julgamento correto na ação, poderão não sofrer penalidades.


De acordo com o subcomandante, a fuga do empresário no momento da abordagem teria levado os policiais militares a imaginar que o motorista estava armado e portanto haveria ameaça à vida dos policiais.


“No aspecto técnico, a ação deles não pode ser criticada. A ação foi feita imaginando que haveria injusta agressão contra eles, mas o indivíduo não estava armado portanto existem reparos a serem feitos no aspecto legal. Não havia justificativa legal para a ação”, disse.


Fonte: G1 

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